As imagens do espetáculo e o testemunho de Mário Jorge Santos, da sua experiência enquanto espectador de Portugal Não É um País Pequeno (Hotel Europa)













“PORTUGAL NÃO É UM PAÍS PEQUENO”, de André Amálio é a primeira parte de uma trilogia que nos leva até aos anos da ditadura no Estado Novo, da presença portuguesa em África, da guerra colonial e da descolonização temas que para muitos de nós, são ainda uma espécie de “nebulosa histórica” que a sociedade portuguesa, mais de meio século passado sobre o início da guerra colonial, não tem sabido (ou querido) tratar de uma forma aberta, sem preconceitos.

“Portugal Não É Um País Pequeno”, é uma montagem de vários depoimentos de pessoas que viveram e foram intérpretes da presença portuguesa em Angola e Moçambique que o autor entrevistou ao longo de cinco anos e que reproduz em discurso direto em pequenas cenas e espaços criados a propósito, intercalados com leitura de textos e efeitos audiovisuais, cerca de duas horas e meia sem intervalo, de um espetáculo intenso, de grande valor para um conhecimento mais aprofundado, muito interessante e representado num formato (quase monólogo) original.
Para além de outros efeitos cénicos a propósito, é muito bem conseguida a alegoria final, interpretada pelo autor e seu acompanhante, quando à medida que vão contando o fim da história da descolonização, vão retirando do chão do palco, como se fossem peças de um puzzle, os pedaços de uma alcatifa até ficar (apenas) reduzida ao pequeno retângulo que representa Portugal, enquanto todos os restantes adereços e outras pequenas peças vão sendo amontoados a um canto do palco sugerindo a desordem (ou a desmontagem) do império Português.
No final da sessão, foi muito interessante a total disponibilidade e interesse revelados pelo autor para uma 'mesa redonda' com o público, abrindo um debate à análise e discussão da obra, um contributo para um melhor conhecimento dos temas e do seu enquadramento.
André Amálio tem um duplo mérito. Encenou e produziu um espetáculo que prende a atenção e agrada, sem falhas e abre a todos, o resultado de uma investigação histórica e de situações vividas numa espécie de memória revisitada.
Fico (ansiosamente) à espera das duas restantes -peças que completarão este trabalho e cujos nomes são “PASSAPORTE” que se centra na independência das colónias e nas consequentes movimentações humanas e “LIBERTAÇÃO” que aborda a guerra colonial, os movimentos de libertação e a queda do Estado Novo.
A não perder!
Sever do Vouga, 29 de Outubro de 2018"- Mário Jorge Santos.

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