OS SERRENHOS DO CALDEIRÃO, DE VERA MANTERO NO CAE DE SEVER DO VOUGA


Este trabalho foi elaborado no âmbito do Festival Encontros do Devir, da DeVIR, em torno da desertificação/desumanização da Serra do Caldeirão, no Algarve.

Trata-se de um exercício crítico e poético sobre a relação entre quotidiano e arte, a partir de uma pesquisa feita na Serra do Caldeirão, e nas recolhas em filme do Michel Giacometti, sobretudo aquelas que ele fez em torno das canções de trabalho. Toda a peça é povoada de vozes que vêm de longe. Os tradicionais "ferrinhos" são usados para reproduzir o som do silêncio, o som da serra. São reproduzidas algumas das canções trazidas até nós pelo Giacometti, cantando "para" os atuais trabalhadores rurais, retomando tradições perdidas, tentando reativá-las. Um olhar sobre práticas de vida tradicionais e rurais em geral, conhecimentos das culturas orais de norte a sul do país, e não só: também as de outros continentes.

Toda a peça é povoada de vozes que vêm de longe. Silêncio. A serra. Vera canta para os poucos serrenhos que permanecem. Mas não é só de música que se trata, é também da palavra e da terra; a palavra de Artaud em combustão, a palavra de Prévert martelado em jeito de poesia sonora, a palavra estranhamente familiar de Eduardo Viveiros de Castro.Com este “retrato alargado” dos Serrenhos do Caldeirão, Vera Mantero fala-nos de povos que possuem uma sabedoria que perdemos, uma sabedoria na ligação entre corpo e espírito, entre quotidiano e arte. Mas uma sabedoria que podemos (e devemos, para nosso bem) reactivar.

Biografia 
Em 1999 a Culturgest organizou uma retrospectiva do seu trabalho até à data, intitulada “Mês de Março, Mês de Vera”. Representou Portugal na 26ª Bienal de São Paulo 2004, com Comer o Coração, criado em parceria com Rui Chafes. Em 2002 foi-lhe atribuído o Prémio Almada (IPAE/Ministério da Cultura Português) e em 2009 o Prémio Gulbenkian Arte pela sua carreira como criadora e intérprete.

Ficha artística
Desenho de luz Hugo Coelho
Captura de imagens e elaboração de guião para o vídeo Vera Mantero
Montagem vídeo Hugo Coelho
Excertos vídeo da Filmografia Completa de Michel Giacometti Salir (Serra do Caldeirão), Cava da Manta (Coimbra), Dornelas (Coimbra), Teixoso (Covilhã), Manhouce (Viseu), Córdova de S. Pedro Paus (Viseu) e Portimão (Algarve)Excertos de textos de Antonin Artaud, Eduardo Viveiros de Castro, Jacques Prévert e Vera Mantero
Residências Artísticas Centro de Experimentação Artística – Lugar Comum/Fábrica da Pólvora de Barcarena/Câmara Municipal de Oeiras e DeVIR/CaPA/Faro Co-produção DeVIR/CaPA
Produção O Rumo do FumoAgradecimento Editora Tradisom

Este projecto foi uma encomenda dos Encontros do DeVIR da DeVIR/CaPA/Faro.Vera Mantero (PT) estudou dança clássica com Anna Mascolo e integrou o Ballet Gulbenkian entre 1984 e 1989. Tornou-se um dos nomes centrais da Nova Dança Portuguesa, tendo iniciado a sua carreira coreográfica em 1987 e mostrado o seu trabalho por toda a Europa, Argentina, Brasil, Canadá, Coreia do Sul, EUA e Singapura. Desde 2000 dedica-se também ao trabalho de voz, cantando repertório de vários autores e co-criando projectos de música experimental.Concepção e interpretação Vera Mantero

CONSIDERADO UM DOS ESPETÁCULOS DO ANO 2014
pelo Jornal Brasileiro "O GLOBO"
http://oglobo.globo.com/cultura/teatro/os-dez-melhores-espetaculos-de-danca-de-2014-14937407

(Bilhetes à venda no CAE de Sever do Vouga)

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