A Diana Marques, que também assistiu a Portugal Não É um País Pequeno, partilha a sua opinião sobre o que sentiu enquanto espetadora





"“Portugal não é um país pequeno” é uma obra do talentoso André Amálio que contracena com o não menos genial músico Pedro Salvador.

Quem poderia pensar que o teatro documental é algo aborrecido, não poderia estar mais enganado. Os dois artistas entregam-se ao tema com desprendimento, humor, ironia, perspicácia e engenho. Enredam-nos de uma forma que somos transportados para outro continente, para as casas dos colonos, conhecemos as suas vozes, os odores, as feições, os ruídos, o cheiro da terra vermelha mas também os medos, as angústias ou as suas maiores alegrias.
Fazem-nos balançar entre a dicotomia dos privilégios do luso-tropicalismo e a servidão do povo ocupado; entre os portugueses da metrópole e os ditos retornados; entre a ditadura e a democracia. Contudo, fazem-no sem julgamentos morais, fogem à mediocridade do apontar de dedo fácil. Fazem-no respeitando os entrevistados, as suas histórias, as suas vidas e a generosidade das suas partilhas. Fazem-no sabendo que há muito a discorrer sobre este período da nossa História mas que deve ser feito com seriedade.

É desta forma sublime que vão reproduzindo as palavras dos colonos entrevistados e nos convidam a esmiuçar sobre o que não vem escrito nos livros de História, o que há para além da visão poética do Império Português. Pudemos fazê-lo não só durante toda a peça como no final, num período de conversação e troca de ideias com os generosos actores.
Não esquecer que esta é apenas a primeira de 3 obras, ficando ainda por apresentar “Passa-Porte” e “Libertação”. Só estando assim completa a leitura da passagem dos portugueses pelos países africanos e das marcas que foram deixadas quer no nosso povo, quer nos países ocupados.
Fico ansiosamente à espera destes espetáculos. Aliás destas duas aulas de histórias contadas e cantadas com requintado humor." 

Diana Marques.

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